terça-feira, 17 de março de 2009

O monstro

Começou o julgamento de um dos casos mais horrorosos que já ouvi: o do pai austríaco que durante 24 anos manteve prisioneira a filha numa cave, abusou e teve filhos dela.
Não consigo arranjar adjectivos que qualifiquem esta monstruosidade. Desde a premeditação e construção da “casa subterrânea”, até à sujeição de vários seres humanos, durante largos anos, sem verem a luz do dia e sem terem contacto com outras pessoas para além do carcereiro, não há palavras que qualifiquem este “homem”.
A acusação, dirigindo-se aos jurados, perguntou se alguma vez tinham imaginado como seria viver numa cave, descrevendo o ambiente húmido, com água a escorrer pelas paredes dando-lhes a cheirar objectos do dia-a-dia e que estavam na cave.
O advogado de defesa, por sua vez, pediu aos jurados para verem o seu cliente não como um monstro mas como um ser humano.
Josef Fritzl, assim se chama o “ser humano”, admitiu ter cometido alguns dos crimes excepto escravatura e homicídio (crimes com penas mais pesadas).
Nos próximos dias o tribunal vai ouvir e ver o depoimento gravado da filha de Fritzl.
São casos como este que nos fazem questionar sobre o direito que assiste a este homem a ter uma defesa, a ter sequer um julgamento. Mas não existir defesa nem julgamento seria cair na brutalidade do próprio Fritzl.
Seja qual for a pena que lhe for dada nunca será justa face à que ele sujeitou a própria filha.

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